quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Jornalismo: eu, você e ele

Antes, escrevi um texto bonito. Quero dizer, um texto encorpado que “definia” o que é o real jornalismo, sabe? Com toda a pompa que o assunto merece... E a história se prolongava até algo como “e viveram felizes para sempre”.
O fato é que a coisa não é assim, tão bonita.
No colégio, fui uma aluna dedicada, na maior parte do tempo, para grande parcela de matérias. Meu objetivo era passar no vestibular público. Fracassei miseravelmente. E, pior, estava ciente de que isso aconteceria. Daí, segue uma fase de quase luto, que só acaba quando se percebe que todos os estudantes do ensino básico são treinados para sobreviver à prova do vestibular, e que a maioria deles se frustra. Chega a ser engraçado, estudar por mais de dez anos para decorar dados que preenchem lacunas de quaisquer 100 questões... Como se isso pudesse avaliar conhecimentos verdadeiros. Mas a temática continua, então, vamos à universidade.
Seja pública ou privada, quem chega a ela busca, acima de tudo, um futuro, afinal de contas, é sabido que, atualmente, para “ser alguém na vida”, a faculdade é um ponto crucial. Ledo engano.
Mas qual é o futuro-modelo? Digo, o que você quer para sua vida?
A rotina de nossa educação soa como se viver se resumisse em ir à escola, passar no vestibular, cursar disciplinas na faculdade, arrumar um grande emprego, fazer dinheiro e morrer.
Mas por que escolher determinado curso?
Eu, por exemplo, escolhi jornalismo. Essa decisão me acompanha desde cedo, e tenho uma porção de motivos: a necessidade de pesquisa (busca constante por conhecimento), o contato com pessoas de todo o tipo, possibilidade de influir no meio social etc.
Nunca pensei em jornalismo como uma fonte abundante de dinheiro, meu passaporte para o Mundo; nunca sonhei em trabalhar na Globo.
O que penso é o seguinte: nesta vida, é necessário viver, no sentido mais literal possível da palavra. É preciso fazer com paixão tudo aquilo que se ama. Para mim, esse deve ser o porquê de toda escolha profissional, ainda que com todas as dificuldades.
Segundo o Houaiss, jornalismo é a “profissão de quem apura, redige e publica notícias”. Mas isso não é tão importante. Não é para cumprir essa descrição que eu curso jornalismo, e não o defino com belas palavras. Eu gosto da pesquisa, da emoção, da escrita, do contato direto com as pessoas, da aventura, das dificuldades, enfim, de viver. Isso é jornalismo, segundo eu mesma.
E, quer saber? A vida é curta demais para pensar apenas no que você quer ser quando crescer.
O que o Mundo vai ser quando você crescer?

2 comentários:

Andrzj disse...

Oi Rapha!!
Em relação ao vestiblar, meu tio é professor de cursinho, e comentou comigo que a prova da Fuvest deste ano estava deveras fácil em relação aos anos anteriores. Seu raciocínio foi o seguinte: como a Fuvest é ligada à um órgão público, e a maioria dos alunos que faz esta prova vêm de escolas públicas, eles acabam "nivelando" a prova por baixo, para chegar próximo ao ensino pobre dado. Enfim, acabamos chegando em outra questão: realmente vale todo o esforço?

Andrzj disse...

A bem a verdade é que respeito a opinião de cada um: virão dizer que estudar, se formar em uma faculdade e ter uma bela carreira é o que se deve fazer. Outros, dirão que é tudo bobagem e que o certo mesmo é aproveitar e se divertir enquanto pode. Minha opinião é que vivemos num mundo que, se não conseguimos mudá-lo, juntemo-nos a ela, pois, do contrário, seremos engolidos, esmagados, marginalizados, deixados de lado. É o dinheiro que tem poder e abre e fecha portas. Se queremos estudar e termos uma carreira, ou se queremos "aproveitar a vida" como quisermos, vamos precisar de uma forcinha do dinheiro. Ainda temos o livre arbítrio, portanto, esteja a vontade para escolher seu melhor "jeito de viver".